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  • Foto do escritorManoela. Gonçalves Ramos

A Ilha Divina

Em maio comemora-se a festa do Divino Espírito Santo, padroeiro da Ilha de Boipeba.

É a festa mais bonita do vilarejo, com forte concentração e participação de nativos e moradores.

É uma festividade inicialmente católica, promovida pela Igreja e seus devotos, mas na Bahia tudo respira ancestralidade africana, então é uma oportunidade dos cortejos e tradições saírem as ruas.

É impressionante como a tradição africana tem o poder de ritualizar e tornar tudo mais espiritual. Inicialmente lavar as escadas de uma Igreja, era uma ordem destinada aos escravizados, para a preparação da festa. Contudo, com toda a ritualística do povo preto, através do Candomblé, a lavagem da Igreja tornou-se um ponto forte da festividade. Foi assim no Bonfim (onde ocorre a tradicional lavagem da Igreja) e acredito que assim se incorporou em Boipeba, que partilha dessa mesma ritualística.



Cortejo das baianas



Na noite anterior a lavagem e inicio das festividades, o Zamziapunga sai as ruas para acordar a cidade e anunciar que a festa começou!

O Zanziapunga é uma outra herança africana em solos brasileiros, trazida no ciclo da cana- se açúcar pelo negros, sendo um ritual de celebração ao nascer de um novo dia com pedidos de proteção.


Logo ao nascer do dia, o preparativo para o cortejo das baianas começa. Um café da manhã coletivo para receber pessoas de Candomblés vizinhos, que chegam para fortalecer o ritual.

A preparação das baianas, que para além das pessoas pertencentes a religião de matriz africana, é estendida para moradores da ilha, como eu que faço parte do grupo de samba de roda.


Tudo é feito com muito respeito. Antes de pegarmos a quarta (vaso com flores e água de flores para lavar a escadaria) o representante fala um pouco dessa tradição cultuada pelo Candomblé e pede para que tenhamos respeito e consciência de que estamos sendo acolhidas nessa ritualística.







O cortejo sai as ruas com música, beleza e animação, trazendo turistas e moradores para perto da Igreja. Enquanto isso outras manifestações saem as ruas como a capoeira, e o Bumba meu Boi Peba. O Boi de Boipeba.

É lindo, todas as tradições saindo as ruas ao mesmo tempo, é um encontro cultural!

Todos sobem para perto da igreja que fica no alto da praça principal.




Bumba meu Boipeba

O cortejo das baianas sobe a frente, as crianças varrendo e as mulheres despejando o banho de ervas pelo chão do lado de fora da Igreja para lavar. Alguns devotos pedem para serem benzidos com a mesma água que vai lavar a Igreja. É interessante, porque narrando pode até soar estranho, uma ritualística baseada na limpeza de igreja, mas como disse no começo desse texto: o povo africano tem o poder de tornar tudo em ritual e espiritual.


Depois que acaba a ritualística, vem a profana! O samba de roda de Jenice e Raizes do Mangue continua embalar a festa e a mostrar que Boipeba, apesar de suas praias incríveis tem história e muita cultura popular!



Jenice e Raizes do Mangue- Samba de Roda


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